sábado, 12 de março de 2011

Indústria cearense cresce 9%, diz Ipece

A indústria cearense mostrou-se recuperada em 2010, alcançando um crescimento de 9% com relação ao ano anterior, quando o setor registrou queda de 3,8%. A taxa está um pouco abaixo da média de crescimento nacional (10,5%) verificada no ano passado, mas representa a terceira maior anotada no Ceará nos últimos dez anos, atrás apenas de 2000 (9,9%) e de 2004 (11,9%). Os dados fazem parte do estudo “um retrato do desempenho da indústria cearense em 2010”, divulgado ontem (10) pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

Para a coordenadora das Contas Regionais do Ipece, Eloísa Beserra, o resultado obtido pela indústria cearense foi positivo, mas o crescimento poderia ter sido mais robusto. “A gente achava que fosse maior, mas não foi tão grande em virtude de fatores como a base de comparação elevada, uma vez que, em 2009, a indústria começou a se recuperar dos efeitos da crise econômica de 2008/2009. Outros fatores que contribuíram para esse desempenho foram o esfriamento sazonal das atividades industriais no quarto trimestre e a parada técnica para manutenção em alguns ramos industriais”, afirma.


O estudo mostra que, das treze unidades da federação pesquisadas, o Ceará ficou em nono lugar no ranking dos que registraram maior crescimento na indústria, atrás do Espírito Santo (22,3%), Goiás (17,1%), Amazonas (16,3%), Minas Gerais (15%), Paraná (14,2%), Pernambuco (10,2%), São Paulo (10,1%) e Pará (9,4%). Segundo a coordenadora do Ipece, os estados que apresentaram os maiores crescimentos na indústria foram justamente aqueles que produzem os produtos mais afetados pela crise econômica de 2008/2009.


ATIVIDADES
O levantamento do Ipece mostra que o crescimento da indústria do Ceará foi influenciado de forma decisiva pelo desempenho positivo verificado nas atividades de: “Máquinas, aparelhos e materiais elétricos” (63,5%), “Metalúrgica básica” (32.1%), “Produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos” (26,3%), “Alimentos e bebidas” (11,5%) e “Calçados e artigos de couro” (4,9%). Outras atividades que apresentaram resultados positivos foram as de “Refino de petróleo e álcool (13,6%), “Produtos químicos” (16,8%) e “Minerais não metálicos” (9,8%).

Já as atividades de “Vestuário e acessórios” e “Têxtil” apresentaram variações negativas, -4,4% e -2,2%, respectivamente. “Normalmente, no quarto trimestre do ano, essas atividades desaceleram, pois elas produzem tudo o que têm que produzir antes, a fim de formarem estoque para venderem ao comércio. Como a atividade é menos intensa nesse período, muitos empresários aproveitam para realizar manutenção técnica. Além disso, o final de 2009 foi de recuperação para a indústria, deixando a base de comparação elevada”, explica Eloísa Beserra.


PARTICIPAÇÃO
Com relação à participação das principais atividades industriais no total da indústria de transformação do Ceará, o estudo mostra que maiores participações cabem aos segmentos ligados a Alimentos e Bebidas (27,1%), Artefatos de Couro e Calçados (22,7%) e Artigos do Vestuário e Acessórios (11,5%), a fim de destacar as mais importantes.


EXPORTAÇÕES
A indústria do Ceará também apresentou resultados positivos com relação às exportações, que cresceram 21,27%, saltando de US$ 700,52 milhões no ano anterior para US$ 849,54 milhões em 2010, segundo os dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Com esse desempenho as exportações industriais ampliaram sua participação no total exportado pelo Estado, passando de 64,85% em 2009 para 66,92% em 2010.

Os resultados positivos das exportações dos industrializados foram influenciados, principalmente, pelas exportações de “Calçados” (US$ 403,5 milhões); “Têxtil” (US$ 60,4 milhões); “Produtos da Indústria de Alimentos e Bebidas” (US$ 42,3 milhões) e “Ceras Vegetais” (US$ 43,6 milhões).


EMPREGO
Com o aquecimento da economia cearense em 2010, foram gerados muitos empregos no Estado, com destaque para a indústria de transformação, que criou 13.853 postos de trabalho. Este resultado decorreu da ampliação de empregos formais das seguintes atividades: “Têxtil/Vestuário” (4.746 vagas), “Produtos de Minerais Não-Metálicos” (1.935 vagas), “Calçados e Artigos de Couro” (1.628 vagas) e “Metalurgia Básica” (1.482 vagas).

A indústria de transformação e as atividades ligadas aos serviços (33.659 postos de trabalho); comércio (20.498 postos de trabalho) e indústria da construção civil (16.075 postos de trabalho) foram responsáveis por quase todo emprego formal gerado no Ceará, de 84.187 postos de trabalho, em 2010. A agricultura foi a única atividade que obteve saldo negativo (-1.191 postos de trabalho) na geração de empregos formais nesse ano.


RESULTADOS ANTERIORES
Analisando os dados que mostram o desempenho da indústria local nos últimos dez anos, a coordenadora do Ipece destaca o aspecto “flutuante” da indústria, alternando, por fatores variados, períodos de crescimento com outros de resultados negativos. No ano 2000, a indústria cresceu 9,9%, resultado, conforme o estudo, do reflexo do programa de atração de investimentos praticado na década anterior pelo governo estadual, quando aportaram diversas indústrias no Ceará.

Já nos três anos seguintes, os resultados não foram tão bons, com uma queda de 7,3% em 2001, um leve crescimento em 2002 (0,9%) e nova retração em 2003 (-1,3%). “Cada ano tem algum aspecto particular que explica esses resultados. Em 2001, houve o racionamento de energia. Já em 2002 e 2003, teve a mudança de governo, onde o Lula estava arrumando a casa para depois a indústria voltar a crescer”, explica Eloísa Bezerra.

De fato, em 2004, o Ceará registra o maior crescimento da indústria local nos últimos dez anos: 11,9%. No ano seguinte, contudo, o resultado volta a ser negativo (-1,6%), influenciado pelo desempenho da indústria têxtil e de vestuário, que enfrentaram problemas de competitividade. Já em 2006, 2007 e 2008, a indústria cearense apresentou crescimentos variados: 8,2%, 1,2% e 2,5%, respectivamente. Em 2009, devido à crise, houve queda de 3,8% na produção industrial, que recuperou-se no ano passado (9%).


PERSPECTIVAS
Em 2011, a coordenadora do Ipece acredita que a indústria continuará a crescer, embora em um ritmo mais lento. “Observamos que as importações cresceram, que os empresários compraram mais máquinas e equipamentos, o que é um indicativo de que eles pretendem crescer e produzir mais”, avalia.

Fonte: O estado

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