sábado, 12 de março de 2011

Consumidor deve ficar atento ao comprar produtos chineses pela internet

Os brasileiros aprenderam o caminho da China. Importações vindas do país asiático chegam, pelos Correios, para qualquer internauta que se aventure nos sites de compra especializados em trazer os pedidos, que vão desde produtos de beleza até itens eletrônicos. Mas a desconfiança de grande parte dos consumidores com a eficiência e a segurança do sistema não é exagerada.

Apesar da compra on-line não ser ilegal, há diversas regras da Receita Federal que devem ser obedecidas. Além disso, é comum encontrar reclamações na web sobre as empresas que fazem a intermediação entre fornecedores e clientes. As principais queixas são sobre prazos não cumpridos, dificuldade para entrar em contato com os atendentes e na hora de usar a garantia dos produtos. Portanto, antes de adquirir as pechinchas chinesas, é necessário estar atento às regras dos sites e às recomendações dos especialistas em direito do consumidor para não acabar pagando em dólar por problemas importados da superpotência asiática.

O analista de rede Thobias Vincensi faz importações da China há três anos e garante que nunca teve grandes problemas. “Meus pedidos sempre chegaram, nunca sumiu nada. O negócio é não ter pressa. Minha última compra levou menos de duas semanas para chegar. Antes disso, um outro pacote levou 45 dias.” O interesse de Thobias nos produtos estrangeiros deve-se à paixão por aeromodelismo, ou seja, construção de aviões em miniatura. “Além de ser mais barato comprar peças e baterias lá fora, também é mais fácil encontrar modelos a combustão.”

Segundo ele, uma bateria para as réplicas, que no Brasil é vendida por R$ 150, pode ser encontrada por US$ 15 nas páginas de anúncios da China. O equivalente a cerca de R$ 25. Por experiência própria, Thobias aconselha: “Não é recomendável fazer pedidos sem rastreador. Quando demora a chegar, a gente não sabe se o endereço estava certo ou se a caixa ficou presa na alfândega”, alerta.

Amostragem

A Receita Federal explica que a fiscalização é feita por amostragem, de forma que nem todas as encomendas são verificadas. Por esse motivo, algumas pessoas recebem os pedidos em casa sem pagar impostos. Caso isso ocorra, o cidadão deve procurar o órgão para regularizar a situação. Se o proprietário do bem não pagar o tributo, entende-se que houve um ilícito. A fiscalização aduaneira pode cobrar o valor mais tarde, caso encontre a mercadoria sem comprovante de pagamento. Os itens de até US$ 50, o equivalente a R$ 80, são isentos de cobranças. Caso o valor supere esse limite, o site também deve orientar o consumidor.

Outras regras impostas pela Receita são: limite de U$ 3 mil para importação, ou cerca de R$ 5 mil; todas as taxas sobre bens de até U$ 500, ou R$ 830, devem ser pagas na unidade de serviço postal; para remessas superiores a U$ 500, é necessário apresentar uma Declaração Simplificada de Importação. Além disso, a tributação é de 60% sobre o valor dos bens apresentados na fatura. Se for um presente, a cobrança será sobre o equivalente ao valor praticado no mercado. Medicamentos, desde que destinados à pessoa física e com receita médica, ficam isentos. Livros, jornais e periódicos impressos também não pagam tributos.

A advogada da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) Polyanna Carlos Silva faz um alerta aos interessados em importar. “O maior problema é a falta de informação porque, muitas vezes, as pessoas não sabem que devem recolher algum imposto. Ficam confusas pelas outras cobranças feitas no sites. Esse deve ser o primeiro cuidado. Se não houver taxa, a compra é ilegal, contrabando”.

Polyanna diz ainda que a Proteste entende que os sites são responsáveis por recolher ou indicar onde o consumidor pode pagar o que deve à Receita. “O vendedor, neste caso, não é intermediário apenas, ele faz parte desta relação de consumo. Não pode induzir ninguém a cometer um ilícito. O site também deve se responsabilizar pela demora na entrega, pela publicidade enganosa ou pela falta de informação.”

Também é aconselhável desconfiar de promoções muito chamativas. Preços muito abaixo do mercado podem ser armadilhas. Outra dica é ligar para o número disponível ao cliente, antes de efetivar a compra, para verificar que o atendimento funciona. Normalmente, as páginas de ofertas internacionais oferecem algumas formas de pagamento: por boleto, transferência bancária e on-line, pelo cartão de crédito. Alguns sites também não cobram frete.

Fonte: Correio Braziliense

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