segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Política: Serra diz: "Serei presidente amigo do Nordeste"

Publicado em 18.10.2010 às 23h01

Na visita de José Serra ao Ceará, o tucano garantiu que irá executar obras prometidas por Lula para o Estado, mas que ainda não foram concluídas. As promessas foram feitas antes da polêmica com o padre que reclamou de panfletos contra Dilma

Candidato José Serra, durante visita a Canindé, na tarde de sábado, fez promessas de concluir obras que Lula não terminou (RAFAEL CAVALCANTE)
Em sua terceira visita ao Ceará como candidato à Presidência, a primeira no segundo turno, José Serra (PSDB) prometeu executar todas as obras prometidas, mas ainda não concluídas, pelo atual Governo para o Estado. Para uma plateia de políticos e militantes tucanos - e também de apoiadores de outros partidos - Serra questionou onde estariam a Transnordestina, a refinaria e a siderúrgica, três dos principais projetos que beneficiariam o Ceará.

“Vamos tirar tudo isso do papel e levar para frente”, disse o tucano, durante encontro na cidade de Canindé (a 120 km de Fortaleza), na tarde do último sábado.

O pacote de promessas veio pouco antes do episódio que acabou marcando a passagem de Serra pelo Estado. Na missa em comemoração aos festejos de São Francisco, realizada na gruta da Basílica que leva o nome do Santo, o padre que comandava a cerimônia reclamou da distribuição de panfletos no recinto contra Dilma Rousseff (PT), também candidata à Presidência. O episódio revoltou os tucanos presentes à missa, e o senador Tasso Jereissati (PSDB) tentou tirar satisfações com o padre, chegando a afirmar que o sacerdote seria petista.

As discussões religiosas vêm marcando o segundo turno da disputa presidencial. Na visita a Canindé, entretanto, Serra tentou focar seu discurso em propostas para o Ceará, Estado em que Dilma conquistou, no primeiro turno, 66,3% dos votos, contra 16,36% do tucano. “Em Brasília, eu vou ser um presidente amigo do Nordeste, amigo do Brasil”.

Além das obras de iniciativa do atual Governo, ele prometeu finalizar projetos que remontam à gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como o Metrofor.

“Lembro que assinamos, em Tóquio, o empréstimo para o metrô de Fortaleza. Mas o Governo Federal acabou largando. Está parado. Está no grupo de obras que não existem”, afirmou.

Além disso, lembrou que as grandes obras que existem hoje no Estado foram viabilizadas quando ele era ministro do Planejamento no Governo FHC. Ele citou o açude Castanhão e o porto do Pecém como exemplos.

Durante entrevista, em vez de responder aos questionamentos dos repórteres, Serra preferiu repetir as promessas ditas em palanque e apresentar outras. Entre elas, o fortalecimento da agricultura, através de uma maior oferta de créditos para área e da criação de defensivos agrícolas genéricos, assim como já acontece com alguns medicamentos. “Os atuais defensivos são muito caros”, atenta.

E-MAIS

> O encontro entre tucanos e aliados com o candidato José Serra (PSDB) contou com uma presença inesperada. A do senador pelo Piauí Mão Santa (PSC), que, assim como Tasso Jereissati (PSDB), não conseguiu se reeleger. Em rápida entrevista, ele comentou a afirmação do presidente Lula de que Deus fez “vingança” ao não permitir que Mão Santa e Heráclito Fortes (DEM) se reelegessem para o Senado.

> “Deus não se vinga. Pra você ver o nível e a preocupação que ele tá. Tiraram a nossa eleição pelo tripé da corrupção, da mentira e da bandalheira. Estamos combatendo o bom combate. Nós perdemos um combate, mas não perdemos a guerra. Nós vamos eleger José Serra e vamos enterrar essa bandeira vermelha que desgraça o País. Vamos hastear a bandeira verde e amarela do Brasil com Serra presidente”, afirmou.
BASTIDORES E CURIOSIDADES DA VISITA

>1. Assim que o senador Tasso Jereissati recebeu o candidato José Serra no palanque, no encontro com líderes políticos em Canindé, brincou com a falta de beleza do tucano. “Quando eu vejo todo mundo te beijando, te abraçando, existe algo a mais, porque você é muito feio”. Serra retrucou: “As mulheres estão de acordo com ele?” Ninguém respondeu.

>2. Tasso comemorou ainda a presença de cerca de 40 prefeitos no evento. Segundo ele, muitos não apoiaram Serra por terem sofrido “pressões violentas”. “Eles precisavam sobreviver politicamente. Não é democrático, não é ético, mas é a verdade dos fatos. Entretanto, hoje estão todos de prontidão, prontos para trabalhar e dar a volta por cima aqui no Ceará”, disse o senador.

>3. Marcos Cals, candidato tucano derrotado na disputa pelo Governo do Estado, afirmou que muitas pessoas não apoiaram o Serra do primeiro turno porque tinham medo de perder o voto. Ele próprio e o senador Tasso, ressalte-se, em nenhum momento pediram votos para o tucano nos programas eleitorais. Mas, a partir de agora, segundo Cals, a realidade é outra. “Agora não é assim: é PT contra PSDB”.

>4. Antes de a confusão se generalizar na missa em homenagem a São Francisco, o padre chegou a discutir com uma pessoa presente ao ato religioso. “Político também tem fé”, gritou a pessoa, ao que o padre respondeu: “Não é hora de falar sobre isso”.

>5. Quando tentou subir ao altar para tirar satisfações com o padre, o senador Tasso chegou a discutir com uma religiosa, quando foi segurado por uma assessora e pela esposa, Renata Jereissati. Vendo a preocupação da esposa, Tasso afirmou: “Calma, Renata! Calma!”.

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