segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dilma ouve Lula antes de decidir demissão

Reportagem de revista diz que Antonio Palocci aluga um apartamento que pertence a uma empresa de fachada
Brasília A presidente Dilma Rousseff vai consultar a opinião do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e de outros aliados antes de decidir sobre a demissão do ministro Antonio Palocci na chefia da Casa Civil.

Lula chegou na sexta-feira ao Brasil, depois de uma viagem a Cuba e à Venezuela. Ele e Dilma tinham combinado conversar durante o fim de semana, algo que tem se tornado rotineiro.

A presidente também aguarda uma posição da Procuradoria-Geral da República sobre o caso. Ontem, em conversa por telefone, Dilma acertou com Palocci que aguardará o posicionamento da Procuradoria.

No Palácio do Planalto, a avaliação geral é que as entrevistas de Palocci à imprensa foram dadas tarde demais. Por essa razão, o impacto seria insuficiente para debelar a crise política que se formou no governo nas últimas três semanas.

Os nomes cogitados para substituir o ministro são o da ministra Miriam Belchior (Planejamento) e de Maria das Graças Foster, diretora da Petrobras. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, também é um dos cotados.

Os problemas para Palocci começaram quando a imprensa paulista divulgou que o ministro multiplicou seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos. Em 2010, ele faturou R$ 20 milhões com uma empresa de consultoria, a Projeto, mas se recusa a revelar a identidade de seus clientes e detalhes sobre os serviços que prestava.

Laranja
A revista Veja divulgou em sua edição desta semana que Antonio Palocci aluga há quatro anos um apartamento de 640 metros quadrados que pertence a uma empresa de fachada, a Lion Franquia e Participações.

O imóvel, na zona sul de São Paulo, está avaliado em R$ 4 milhões. A empresa pertence a Dayvini Costa Nunes, 23, e Filipe Garcia dos Santos, 17. Dayvini mora na periferia de Mauá, no ABC paulista. Em entrevista à revista, Dayvini se diz "laranja". Em nota, a Casa Civil informou que o imóvel foi alugado em 2007 por indicação da imobiliária Plaza Brasil e que "o ministro não pode ser responsabilizado por atos do seu locador".

INSATISFAÇÃO NO GOVERNO
Nova denúncia agrava situação
A situação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, piorou muito depois da entrevista que ele concedeu ao Jornal Nacional, na sexta-feira. E se agravou ainda mais depois da divulgação, pela revista Veja, de que o apartamento de 640 metros quadrados que Palocci aluga, em São Paulo, seria de uma empresa dirigida por laranjas, um de 23 anos, outro de 17.

O secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), admitiu que a revelação sobre o aluguel do apartamento de Palocci vai piorar as coisas no Congresso. "A oposição é insaciável e é claro que fará muito barulho", disse. Petistas que foram à festa de filiação do deputado Gabriel Chalita ao PMDB, em São Paulo, chegaram a dizer que a situação de Palocci se tornou "insustentável".

Antes mesmo da entrevista do titular da Casa Civil para esclarecer suspeitas de enriquecimento ilícito, a presidente Dilma Rousseff e auxiliares mais diretos avaliavam que o ministro não conseguiria reverter a sua situação pessoal nem a de engessamento do governo. Dilma Rousseff teve uma reação de desânimo depois de ver a entrevista do ministro ao Jornal Nacional, de acordo com informações de bastidores do Palácio do Planalto. A presidente teria comentado que Antonio Palocci ficou devendo respostas a respeito da lista de clientes, que, segundo ele próprio, foram entre 20 e 25.

"Empresinha"
De acordo com a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, a presidente teria, inclusive, falado mal de Palocci a interlocutores muito próximos. Dilma teria reclamado que o ministro da Casa Civil jamais deu a ela informações completas sobre sua consultoria, que faturou R$ 20 milhões só em 2010. Ele teria dito apenas que tinha uma "empresinha", já desativada.

Os comentários de Dilma se afinam com os de líderes do PT, que nos bastidores afirmam que jamais tiveram ideia de que Palocci era um consultor tão bem-sucedido. Palocci disse que não deu essas informações a Dilma nem quando discutiram o assunto da posse nem depois da revelação de seu patrimônio.

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