domingo, 3 de abril de 2011

Governo cria programa ´Água para Todos´

O governo vai lançar o programa "Água para Todos", voltado para o semiárido nordestino, como uma das âncoras do plano de erradicação da miséria. Apesar do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, a presidente Dilma Rousseff garantiu aos ministros da área social que o governo investirá na construção de 800 mil cisternas, além de adutoras e pequenos reservatórios para atender 5 milhões de famílias até 2014.

"Depois do Luz para Todos, vamos ter o Água para Todos", afirmou a presidente, numa referência ao programa de energia elétrica lançado em novembro de 2003, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia também foi exposta por Dilma em conversa com dirigentes de seis centrais sindicais, no último dia 11, no Palácio do Planalto.

Com lançamento previsto para maio, o Água para Todos é inspirado no programa de mesmo nome, adotado pelo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). "É uma coisa fantástica. Conseguimos levar água para mais de 2 milhões de pessoas", disse Wagner. "A presidente conversou comigo sobre o projeto e nossos técnicos estão trabalhando com o Ministério da Integração Nacional".

Na Bahia, o Água para Todos já dura quatro anos. Nesse período, foram construídas 52.423 cisternas, 1.740 sistemas de abastecimento e perfuração com 2.467 poços e 1.520 ligações de esgoto, com investimentos de R$ 177,6 milhões.

Ao traçar as diretrizes do programa para erradicar a miséria, Dilma pôs o acesso à água como prioridade e pediu parcerias. "Estamos trabalhando sob a orientação da presidente Dilma no projeto", disse o ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, que participou, terça-feira (29), da cerimônia de assinatura para a construção da Adutora do Algodão, na Bahia, ao lado de Wagner.

Atualmente, diversas organizações não governamentais (ONGs) já investem na construção de cisternas no Brasil, principalmente na Região Nordeste, mas a presidente quer ampliar o trabalho. O projeto Um Milhão de Cisternas, por exemplo, é uma iniciativa adotada pela Articulação do Semiárido (ASA), ONG que reúne 700 entidades da sociedade civil. "Não podemos depender apenas da iniciativa dessas entidades", insistiu Dilma, segundo relato de um ministro. "O governo precisa entrar nisso".

Viagem à China
Os investimentos darão a tônica da visita da presidente Dilma à China, prevista para o período de 12 a 16 deste mês. Há pelo menos uma dezena de possíveis acordos entre os dois países, a maioria focada em parcerias nas áreas de energia, petróleo, ferrovias, recursos hídricos, processamento de minérios, nanotecnologia e transferência de tecnologia. Todo esse ânimo tem como justificativa as últimas estatísticas do governo, que mostram que, desde 2003, há recursos anunciados por chineses para o País de US$ 37,1 bilhões. O Rio de Janeiro é o principal destino do que foi anunciado, com US$ 7,42 bilhões (20%), quase tudo na área de petróleo.

Nos bastidores, funcionários envolvidos com a visita revelam que está em negociação, entre outros exemplos, uma parceria para linhas de transmissão entre a estatal chinesa State Grid e a Eletrobras, tendo a Usina de Belo Monte, no Pará, como foco. Outra prevê associação entre a Sinochem (estatal que tem entre suas atividades a petroquímica) e a Petrobras.

Todos os atos em discussão levam em conta o fato de o Brasil, que possui uma ineficiente infraestrutura, ser país provedor de recursos naturais e alimentos. A China é um grande cliente e quer melhorar o acesso a esses bens investindo no País.

Dilma e os cerca de 300 empresários que a acompanharão na viagem querem manter a curva ascendente no volume de novos negócios da China no Brasil. A agenda com o principal parceiro comercial do País é densa e variada. A diplomacia também negocia memorandos de entendimento em turismo, educação, inovação tecnológica, aeroespacial e normas e padrões fitossanitários. E haverá um acordo de cooperação para a realização das Olimpíadas de 2016.

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